Waldir Pires
Waldir Pires | |
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Waldir Pires em 2007. | |
5.º Ministro da Defesa do Brasil | |
Período | 31 de março de 2006 até 25 de junho de 2007 |
Presidente | Luiz Inácio Lula da Silva |
Antecessor(a) | José Alencar |
Sucessor(a) | Nelson Jobim |
2.º Ministro-Chefe da Controladoria-Geral da União do Brasil | |
Período | 1º de janeiro de 2003 a 31 de março de 2006 |
Presidente | Luiz Inácio Lula da Silva |
Antecessor(a) | Anadyr de Mendonça |
Sucessor(a) | Jorge Hage |
6.º Ministro da Previdência Social do Brasil | |
Período | 15 de março de 1985 a 13 de fevereiro de 1986 |
Presidente | José Sarney |
Antecessor(a) | Jarbas Passarinho |
Sucessor(a) | Raphael de Almeida Magalhães |
41.º Governador da Bahia | |
Período | 15 de março de 1987 a 14 de maio de 1989 |
Antecessor(a) | João Durval Carneiro |
Sucessor(a) | Nilo Moraes Coelho |
Deputado federal pela Bahia | |
Período | 1.º- 1º de fevereiro de 1959 a 1º de fevereiro de 1963 2.º- 1º de fevereiro de 1991 a 1º de fevereiro de 1995 3.º- 1º de fevereiro de 1999 a 1º de janeiro de 2003[a] |
Vereador de Salvador | |
Período | 1º de fevereiro de 2013 a 31 de dezembro de 2016 |
Dados pessoais | |
Nascimento | 21 de outubro de 1926 Acajutiba, BA |
Morte | 22 de junho de 2018 (91 anos) Salvador, BA |
Alma mater | Universidade Federal da Bahia (UFBA) |
Prêmio(s) | |
Esposa | Yolanda Avena Pires (m. 2005)[3] |
Partido | PT (1998–2018) |
Profissão | advogado, político |
Assinatura |
Francisco Waldir Pires de Souza GCMD • GOMM • CBJM (Acajutiba, 21 de outubro de 1926 — Salvador, 22 de junho de 2018) foi um advogado e político brasileiro filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT). Durante o Governo João Goulart, foi Consultor-Geral da República; no governo José Sarney, foi ministro da Previdência Social; no primeiro mandato de Lula, exerceu os cargos de ministro-chefe da Controladoria-Geral da União e ministro da Defesa. Pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB, atual MDB) foi governador da Bahia, além de deputado federal por três mandatos e vereador de Salvador.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascido na Bahia, filho de José Pires de Souza, ex-seminarista e coletor de impostos, e de Lucíola Figueiredo Pires de Souza. Passou a infância em Amargosa, BA, onde estudou o primário. Cursou o ginasial no Colégio Clemente Caldas em Nazaré, BA, onde, aos quinze anos, a fim de obter recursos para fazer o curso preparatório para a faculdade em Salvador, deu aulas de datilografia a convite do diretor do colégio, Anísio Melhor, que lhe permitiu ainda utilizar uma das salas para ministrar aulas particulares de latim, matéria que havia se tornado obrigatória com a Reforma Capanema. Aos dezesseis anos, com os recursos ganhos, mudou-se para Salvador. Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia e, ao final do curso, foi escolhido o orador da sua turma, cuja formatura marcou a solenidade de inauguração do Fórum Ruy Barbosa, no ano do seu centenário. Enquanto estudante, na União dos Estudantes da Bahia - entidade à época existente -, liderou o Movimento Antinazista.[carece de fontes]
Em 2008 foi condecorado com o título de Cidadão Benemérito da Liberdade e da Justiça Social João Mangabeira,[nota 1] que é concedido a brasileiros reconhecidamente dedicados às causas nobres, humanas e sociais que tenham resultado no desenvolvimento político e socioeconômico do Brasil, melhorando significativamente a vida das pessoas.[4][5][6]
Em 2012 foi eleito Vereador de Salvador aos 85 anos pelo PT.
A última aparição pública do líder político se deu a 14 de junho de 2018 quando do lançamento de sua biografia, escrita pelo jornalista Emiliano José, no Palácio Rio Branco, no Centro Histórico de Salvador.[7] Faleceu no dia 22 de junho e seu corpo foi cremado em Salvador.
Secretário de Estado
[editar | editar código-fonte]No início da década de 1950, aos 24 anos, foi Secretário de Estado no governo de Régis Pacheco e se casou com Yolanda Avena, filha do imigrante italiano José Avena e de Angelina Garcia Avena. Em 1954 elegeu-se deputado estadual, formando a base de apoio do Governo Antônio Balbino; em 1958 elegeu-se deputado federal, sendo escolhido vice-líder do Governo Juscelino Kubitschek. Em 1962 candidatou-se ao Governo da Bahia quando, apesar do veto da Igreja Católica — resistente a admitir que um católico aceitasse o apoio do Partido Comunista —, perdeu as eleições por uma diferença de apenas 3% dos votos para o candidato da União Democrática Nacional (UDN), Lomanto Júnior.
Consultor-Geral da República
[editar | editar código-fonte]Em 1963, quando exercia a função de Coordenador dos Cursos Jurídicos da Universidade de Brasília (UnB), onde era também professor de Direito Constitucional, foi convidado pelo Presidente João Goulart para ocupar o cargo de Consultor-Geral da República, o que o tornou responsável pelas análises e pareceres da juridicidade e da constitucionalidade das leis de Remessa de Lucros e Dividendos e da lei de reforma agrária, entre outras. Exercia este cargo quando da eclosão do golpe militar em 31 de março de 1964 e foi, junto com Darcy Ribeiro, o último membro do Governo a sair do Palácio do Planalto, onde ficaram, a pedido do presidente, para tentar garantir o respeito à Constituição, segundo um documento enviado ao Congresso - mas desprezado pelas forças de apoio aos militares, que declararam vaga a presidência quando o presidente encontrava-se ainda em território nacional, no Rio Grande do Sul.
Em 4 de abril, já na primeira lista de cassados e perseguido, sai com Darcy Ribeiro de Brasília, de madrugada, num monomotor conseguido pelo deputado Rubens Paiva, e vai para o exílio no Uruguai, onde depois encontra sua esposa Yolanda e seus cinco filhos. Em 1966 muda-se para a França onde, com auxílio de Celso Furtado, é indicado para lecionar Direito Constitucional Comparado e Ciências Políticas em Dijon e em Paris. Volta ao Brasil em 1970, ainda em plena ditadura militar, ocupando-se de uma empresa particular até a queda do Ato Institucional n.º 5, quando, retomados os seus direitos políticos, deixa tudo e volta para a vida pública na Bahia, visitando todos os rincões do Estado para fortalecer o então Movimento Democrático Brasileiro.
Ministro da Previdência
[editar | editar código-fonte]Ajudou na fundação do PMDB durante a abertura política. Em 1982 foi derrotado na eleição para o Senado por Luís Viana Filho (PDS), que foi reeleito.
Em 1985 é convidado pelo presidente Tancredo Neves para o Ministério da Previdência Social e mantido pelo presidente José Sarney. A gestão austera e eficaz habilita-o a concorrer para o governo da Bahia no ano seguinte e o torna o candidato mais votado da história daquele Estado, com uma vitória esmagadora em todas as regiões.
Governador da Bahia
[editar | editar código-fonte]Mais de duas décadas depois de ter perdido as eleições para o governo da Bahia, volta a se candidatar ao cargo em 1986, nas primeiras eleições diretas para governador após o regime militar. Seus principais adversários, os partidários de Antônio Carlos Magalhães, reúnem-se em torno da candidatura do jurista Josaphat Marinho (PFL), apoiado também pelo então governador João Durval. Com o poder dominante estadual desgastado, Waldir Pires, então no PMDB, consegue obter os apoios necessários para viabilizar uma ampla frente que reunia desde partidos de esquerda até dissidentes do carlismo. Waldir é eleito com ampla maioria, rompendo assim, por breve período, a hegemonia de ACM no Estado, ao tomar posse aos 15 de março de 1987.
Nos dois anos seguintes, seu vice-governador, a quem coube cumprir os dois anos restantes de seu mandato à frente do governo baiano, revelou-se impopular. Nilo Coelho chegou a tentar atropelar um cinegrafista da TV Globo que o filmava ao sair de um estacionamento. O carlismo retornou ao poder com facilidade em 1990, e ocuparia o governo da Bahia e as principais posições políticas no Estado até a vitória de Jaques Wagner, do PT, em 2006.
Eleição presidencial de 1989
[editar | editar código-fonte]Após dois anos de governo, em 29 de abril de 1989, disputa a convenção nacional do PMDB que indicaria o candidato do partido a Presidente da República. No primeiro turno da votação, fica em segundo lugar, com 272 votos, atrás de Ulysses Guimarães, com 302, mas à frente de Iris Rezende (251) e Álvaro Dias (72). Após intensas negociações e com o objetivo de unir o partido, evitando assim um segundo turno da convenção, Ulysses e Waldir concordam em formar uma chapa única, com Waldir saindo candidato a vice-presidente. Com isso, Waldir tem que renunciar ao governo da Bahia, fazendo-o a 14 de maio de 1989, deixando em seu lugar o vice-governador, Nilo Coelho.
Alguns consideraram um mau cálculo político a decisão de Waldir de deixar o governo baiano e integrar uma candidatura que não estava bem nas pesquisas. Outros o defenderam como um gesto de lealdade para com Ulysses, que tinha a autoridade moral de haver liderado a oposição à ditadura. Ulysses e Waldir acreditavam reunir em si todo o carisma que haviam granjeado: o primeiro, como líder da oposição à ditadura e como presidente da Assembleia Constituinte que aprovara a Constituição de 1988; o segundo, pela vitória nas eleições estaduais de 1986. Além disso, contavam com a união do PMDB, maior partido de então, que contava com 22 governadores estaduais em seus quadros.
Mas os eleitores não entenderam assim: com a legalidade de todos os partidos, inclusive os comunistas, uma grande quantidade de candidatos disputou as primeiras eleições democráticas pós-ditadura, e a disputa acabou polarizada entre Fernando Collor e Lula. A chapa de Ulysses e Waldir, apesar dos bons resultados obtidos na Bahia, não consegue passar do primeiro turno, terminando em sétimo lugar.
Deputado federal
[editar | editar código-fonte]No ano seguinte, em 1990, já no PDT, o ressentimento dos baianos pela sua renúncia não foi maior do que os votos que lhe dedicaram, o que o tornou o deputado com a maior votação no Estado, em todas as épocas, até aquela data. Nas eleições seguintes, já no PSDB, após discordar da cúpula do PDT que passou a apoiar o presidente Collor, foi candidato ao Senado, concorrendo com o seu rival histórico, Antônio Carlos Magalhães. Acabou derrotado por Waldeck Ornelas, na disputa pela segunda vaga ao senado, por uma diferença de 3 mil votos, em uma eleição que levanta até hoje suspeitas de fraude.
Em 1998 elegeu-se deputado federal com a maior votação no Estado, apesar de não ter apoiado o candidato à presidência do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, que, preferindo o apoio do PFL de Antônio Carlos, não contou com o partido na Bahia. A coligação com o PFL o afasta do partido e ele ingressa no PT.
Candidatou-se a uma vaga no senado em 2002, ao lado de seu companheiro de chapa Haroldo Lima, perdendo para ACM, que voltou à Câmara Alta após o escândalo do painel eletrônico que pouco antes o fizera renunciar.
Ministro-Chefe da Controladoria-Geral da União
[editar | editar código-fonte]Em 2002 é convidado pelo presidente Lula para o cargo de ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU).
No princípio de sua gestão, iniciada em 1 de janeiro de 2003,[8] Waldir Pires promoveu ampla reestruturação da CGU, a fim de que o órgão pudesse cumprir adequadamente sua missão institucional. Da equipe inicialmente encarregada desse trabalho fizeram parte Jorge Hage Sobrinho, que em 2006 viria a suceder Pires no cargo; Luiz Navarro de Britto Filho, que em seguida viria a se tornar secretário-executivo e ministro-chefe da CGU; além de Eduardo de Freitas Filho, Renato Amaral Braga da Rocha e Ricardo Cravo Midlej Silva, entre outros destacados membros de carreiras de Estado.
Durante o período em que esteve no comando da CGU, Waldir Pires implementou diversas e importantes políticas de controle da Administração Pública e de prevenção e combate à corrupção. Nesse contexto, destacam-se o bem-sucedido Programa de Fiscalização a partir de Sorteios Públicos de recursos federais transferidos voluntariamente a estados e municípios, e o Portal da Transparência, ferramenta de transparência governamental reconhecida e premiada no Brasil e no exterior.
Em seu primeiro ano na CGU, foi admitido pelo presidente Lula à Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial.[1] Já em 2005, foi condecorado pelo presidente com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito da Defesa.[2]
Ministro da Defesa
[editar | editar código-fonte]Em 31 de março de 2006 assume o Ministério da Defesa, a pedido do presidente Lula.[9]
Durante sua gestão aconteceu a chamada crise no setor aéreo brasileiro, da qual fazem parte dois terríveis capítulos: os acidentes com o voo Gol 1907, em setembro de 2006, e com o voo TAM 3054, em julho de 2007. A crise culminou com a demissão do ministro de seu cargo, no final de julho. Nelson Jobim, ex-ministro do STF, assumiu a pasta no lugar de Pires.[10] Ironicamente, a demissão ocorreu na mesma semana em que faleceu seu velho rival na política baiana, Antônio Carlos Magalhães.
Sua última função publica foi como vereador da cidade do Salvador, para a qual foi eleito em outubro de 2012, pelo Partido dos Trabalhadores. Cumpriu seu mandato até o fim, encerrando assim sua trajetória política em 31 de dezembro de 2016, aos 90 anos, um ano e meio antes do seu falecimento.[10]
Notas
- ↑ Título criado em 1993. Apenas seis cidadãos fizeram jus ao mesmo, dentre os quais; Taurino Araújo, Jorge Amado, Haroldo Lima e Fernando Santana.
- ↑ Renúncia em 1º de janeiro de 2003 para assumir a Controladoria-Geral da União.
Referências
- ↑ a b BRASIL, Decreto de 25 de março de 2003.
- ↑ a b BRASIL, Decreto de 28 de novembro de 2005.
- ↑ Controladoria-Geral da União; Assessoria de Comunicação Social. «Yolanda Pires morre em São Paulo». Consultado em 1 de junho de 2008
- ↑ «AL homenageia Waldir Pires por sua contribuição ao país»
- ↑ «Taurino Araújo receberá título na Assembleia Legislativa»
- ↑ «AL homenageia Haroldo Lima por sua contribuição ao país»
- ↑ «Corpo de Waldir Pires,CBJM será velado no Mosteiro de São Bento, em Salvador». Globo.com. 22 de junho de 2018. Consultado em 23 de junho de 2018
- ↑ BRASIL, Decreto de 1º de janeiro de 2003.
- ↑ BRASIL, Decreto de 31 de março de 2006.
- ↑ a b Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «Francisco Waldir Pires de Sousa». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 20 de agosto de 2020
Ligações externas
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Precedido por Jarbas Passarinho |
Ministro da Previdência Social do Brasil 1985 — 1986 |
Sucedido por Raphael de Almeida Magalhães |
Precedido por Antônio Balbino |
Consultor Geral da República 1963 — 1964 |
Sucedido por Adroaldo Mesquita da Costa |
Precedido por João Durval Carneiro |
Governador da Bahia 1987 — 1989 |
Sucedido por Nilo Moraes Coelho |
Precedido por Anadir Mendonça |
Ministro-Chefe da Controladoria-Geral da União 2003 — 2006 |
Sucedido por Jorge Hage |
Precedido por José Alencar |
5º Ministro da Defesa do Brasil 2006 — 2007 |
Sucedido por Nelson Jobim |
- Nascidos em 1926
- Mortos em 2018
- Ministros do Governo Sarney
- Ministros do Governo Lula (2003–2011)
- Ministros da Defesa do Brasil
- Ministros da Previdência Social do Brasil
- Ministros da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União
- Governadores da Bahia
- Deputados federais do Brasil pela Bahia
- Opositores da ditadura militar no Brasil (1964–1985)
- Professores da Universidade de Brasília
- Membros do Movimento Democrático Brasileiro (1980)
- Membros do Partido Democrático Trabalhista
- Membros do Partido da Social Democracia Brasileira
- Membros do Partido dos Trabalhadores
- Naturais de Acajutiba
- Vereadores de Salvador
- Membros do Partido Trabalhista Brasileiro
- Membros do Partido Social Democrático (1945)
- Candidatos à vice-presidência da República do Brasil
- Consultores-gerais da República do Brasil
- Advogados da Bahia
- Grã-Cruzes da Ordem do Mérito da Defesa
- Grandes-Oficiais da Ordem do Mérito Militar
- Políticos da Bahia do século XX
- Políticos da Bahia do século XXI